sexta-feira, 27 de julho de 2012

A silhueta da Alma

Nosso corpo é um dom de Deus. Ele tem significado e valor. Não temos simplesmente um corpo, mas somos o nosso corpo. É por meio dele que existimos e nos exprimimos no mundo. Através do corpo, os nossos sentimentos e emoções se tornam tangíveis, concretos e podemos fazer com que as pessoas experimentem o quanto as amamos e lhes queremos bem. Louvado seja Deus pelo corpo que temos!

Atualmente, vivemos a mentalidade do fitness e é justo que seja assim, pois devemos cuidar do presente que nos foi dado. É um dever moral cuidar de si próprio, da saúde, do corpo. É um sinal de estima e amor a Deus que nos concedeu um corpo, e habita nele, como nos diz São Paulo, como num templo. Nosso corpo ganha, assim, um significado mais profundo: é morada de Deus.

A palavra fitness nem sempre é tomada na sua acepção original como condição de ter um corpo em boa saúde. Muitas vezes, ela é associada a corpo bonito, “sarado”, musculoso e em boa forma. Há uma grande preocupação, nos dias atuais, pela aparência e pela forma que levam ao contrassenso das pessoas fazerem uso até de substâncias nocivas à própria saúde para poderem estar dentro dos parâmetros estabelecidos pela sociedade.

Passamos, assim, do desleixo de outrora em relação ao corpo para ao que podemos chamar de culto do mesmo. Para estarem em forma, dentro da medida e da silhueta esteticamente estabelecida, muitos se submetem a ritmos, por vezes, exagerados de exercícios e até de dietas que são prejudiciais a saúde.

Oxalá as disposições para ter um corpo segundo a sociedade atual fossem as mesmas para buscar ter também uma silhueta da alma em forma. A silhueta da alma é moldada pelo amor. É a prática deste que lhe vai definindo os contornos. E, por vezes, poucos exercícios fazemos na “academia do amor”. Não deixamos que Jesus seja o nosso “personal trainer” e vá moldando, configurando e conformando o nosso espírito.

O seu evangelho é a referência que deve conduzir a dieta da alma. É ele que lhe confere beleza e esplendor. A alma torna-se bonita quando se deixar orientar, sobretudo, pelo exercício básico e fundamental que é o mandamento novo: amar a Deus e ao próximo como a si mesmo.

O Papa Bento XVI, na homilia da missa de inauguração da quinta conferência do Episcopado Latino-Americano, assim se exprimiu: “A Igreja não faz proselitismo. Ela cresce muito mais por ‘atração’: como Cristo ‘atrai todos a si’ com a força do seu amor, que culminou no sacrifício da Cruz, assim a Igreja cumpre a sua missão na medida em que, associada a Cristo, cumpre a sua obra conformando-se em espírito e concretamente com a caridade do seu Senhor”.

Como seguidores de Jesus, queremos gerar “encanto” e “atração”, não pela beleza do corpo, mas pela beleza de uma alma que é ornada pela graça de Deus e, sobretudo, é cheia do seu amor. Que a caridade de Cristo possa tomar forma em nós e muitos, deste modo, atraídos possam conhecer a “beleza sempre antiga e sempre nova”: Jesus Cristo, nosso Senhor.

Pe.Pedro Moraes Brito Júnior

0 comentários:

Postar um comentário