segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

“Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8)


Com tema “Juventude e Fraternidade” a Campanha da Fraternidade deste ano de 2013, busca despertar neste período da quaresma, a grande responsabilidade de ajudar aos jovens a redescobrirem os valores fundamentais para o sentido de vida, e o seu lugar no mundo. E nos convida também e refletirmos sobre a responsabilidade dos adultos diante do compromisso a condução madura e sadia de nossa juventude. Tendo como ponta pé inicial, o texto base da Campanha da Fraternidade deste ano de 2013, refletiremos juntos alguns grandes desafios para jovens e adultos.
Partindo da primeira parte do texto base da CF 2013, apresentamos o grande impacto que a mudança de época vem trazendo na vida dos jovens, consequentemente na vida familiar e na sociedade.  Mas antes se faz necessário entender  o que é este conceito de mudança de época, quando se inicia e termina seu ciclo. Podemos dizer que este conceito pode ser entendido como uma “transição de uma cultura estável para outra, nova e ainda não estabilizada”.
A cultura pode ser entendida como um acréscimo de conhecimento, uma riqueza interior, um mundo íntimo. Segundo o autor Ricardo Yepes Stork, no seu livro fundamento de antropologia, a origem de toda cultura é o núcleo criativo e afetivo da pessoa, uma sabedoria que cresce para dentro, porque se cultiva, para depois sair de dentro, a cultura forma o depósito onde encontra o sentido das realidades que para nós são valiosas, ou seja, alargamos o que recebemos forma pessoal, para transmiti-las ao mundo em que vivemos, dando sentido não mais singular, mas objetivamente comunitário, transmitindo ideais e valores. A cultura não é apenas uma decisão coletiva, mas valores que conduzem para uma direção.
Segundo o texto base da Campanha da Fraternidade, esta mudança de época, atinge todas as realidades humanas, tanto na economia, quanto na política, arte, ciência, educação, esporte e também a religião.  Dentre todas essas realidades, aponta-se a religião como a mais impactada dentre as demais, pois pela sua complexidade, abrange a todas as demais, tudo a que se refere ao ser humano, “principalmente com a dimensão transcendental – a sua relação com Deus e com seu projeto de vida plena para todos” (Texto Base da CF).
Nesta mudança de época, podemos relacionar alguns fatores, que segundo o próprio texto base, percebemos um grande impacto na vida das pessoas, como as relações que deixam de acontecer na gratuidade, mas de forma descompromissada e pouco estável, a alterações nos papéis tradicionais de homens e mulheres na sociedade,  a substituição do papel dos pais e da escola pelos meios de comunicação de massa, e uma fragilização dos laços comunitários e até mesmo uma negação da vida, um relativismo ou um fundamentalismo diante das realidades apresentadas, um sistema econômico neoliberal que produz uma árdua competição no mercado de trabalho, uma afetividade autônoma e narcisista que sentem dificuldades nas relações permanentes e compromissadas, um empobrecimento da consciência de mistério do ser humano, uma ausência da dimensão de futuro e de esperança, mas apenas uma força para viver uma felicidade no presente sem preocupações com consequências e responsabilidades.
Vemos com este tempo, um grande avanço na cultura midiática, onde as pessoas, sobretudo os jovens, não vivem mais sem os instrumentos tecnológicos. Podemos chamá-los de um “novo modelo de agentes de comunicação. Vive-se e respira-se um ambiente midiático. Neste ambiente, que também não deve ser interpretado como negativo pelos benefícios oferecidos, corre-se o risco dos jovens quererem estar sempre conectado, considerando totalmente natural a substituição da relação pessoal, que é o melhor meio de comunicação, pela virtual, pela inúmera possibilidade de criação de personagens e realidades. Esse é um perigo que o próprio Papa já apresentou: “A presença nestes espaços virtuais pode ser o sinal de uma busca autêntica de encontro pessoal com o outro, se se estiver atento para evitar os seus perigos, como refugiar-se numa espécie de mundo paralelo ou expor-se excessivamente ao mundo virtual. Na busca de partilha, de «amizades», confrontamo-nos com o desafio de ser autênticos, fiéis a si mesmos, sem ceder à ilusão de construir artificialmente o próprio «perfil» público”(Mensagem do Papa Bento para 45ºdia mundial das comunicações).
A juventude de hoje, diferentes dos da década de 60, 70 e 80, que se reunia para protestar nas universidades, avenidas e outros locais público, hoje reúnem-se, e movimentam-se com muita facilidade e velocidade por meio das redes sociais. Mostram uma grande habilidade para articular as informações, criar comportamentos e formar conceitos pela internet.
Engana-se quem pensa que o jovem nascido dentro de uma cultura midiática não possui uma atitude de fé. O jovem que teve a experiência com o Sagrado, busca-O cada dia mais, acreditam em Deus, buscam levá-lO pelo caminho no qual são frutos, a internet. O grande desafio é tornar este caminho midiático,  uma via para a verdadeira vivência pessoal e comunitária. “O envolvimento dos jovens deve ser visto a partir da interatividade nas relações”. O jovem é aquele que se movimenta, e deseja também o espaço que o integre e faça participar de forma ativa dentro a igreja.  São chamados também ao silêncio e a escuta atenta da Palavra de Deus, porém é preciso acolhe-lo nesta sua interatividade, dialogando e ajudando-os na sua busca essencial do sentido de verdadeiro de vida: Jesus Cristo.
A Igreja diante das novas gerações, como responder? É o que meditaremos na próxima semana.

Fonte: kerigmascj.com.br

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