sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Não tenhas medo de dizer que amas. Uma reflexão


“O amor é a mais viva realidade dos sentimentos” (Côn. Manuel)

Na pluralidade dos acontecimentos que o quotidiano nos oferece, na diversidade multifacetada das realidades que nos são apresentadas, na tendência de se querer globalizar tudo, no receio de se aproximar do outro, falar de amizade e do exprimir por palavras que não tens medo de dizer que amas, é algo, no mínimo, hesitante. Diante de todos esses ditames e de um fato real me determinei a escrever este artigo. A vida com suas ocorrências notáveis nos oferece lições que nos fazem refletir, convidando-nos à oração, aos parâmetros da prudência e, sobretudo, a sermos mais humanos. Quantas vezes já ouvimos “é preciso perder alguém para sentirmos a falta do seu real valor”. Quantos filhos beijam seu pai no caixão. É um gesto muito bonito. Todavia, se aquele beijo fosse em vida talvez teria outro valor. Por isso, devemos ter um apreço muito eloqüente com quem convivemos e do nos outorgar o direito de dizer que não temos medo de dizer que os amamos. O amor só existe na história de quem o faz.

No mês de setembro na Igreja Matriz do Serro-MG, celebrava mais uma Missa de 7.º dia. Entre muitas que já celebrei, esta me chamou a atenção. Tratava-se de um jovem que durante o dia trabalhou, normalmente, e à noite Deus o chamou para a eternidade. Aqui vêm as palavras de Jesus: “Não sabeis nem o dia nem a hora... simplesmente estai preparados” (Mt 25, 13). A Eucaristia transcorreu com muita piedade para a grande multidão que participou, mormente, jovens. Como é de costume, a grandeza do gesto de gratidão e reconhecimento pelo ente querido não podia faltar. Eis que do silêncio da ação de graças um jovem se levante trazendo nas mãos uma folha dobrada em várias partes. Pela metodologia da abertura da folha pude ver que se tratava de uma mensagem. Na simplicidade e, ao mesmo tempo, na grandiosidade das palavras decidi publicar o texto com o consentimento do autor. Vejamos o ato de coragem na pedagogia de cada palavra.

Eis as originais palavras de um coração irmão para outro coração: “Às vezes a gente vive tão mal, que precisamos perder as pessoas para descobrir o valor imenso que elas tem. Às vezes as pessoas precisam morrer para a gente saber a importância que elas tinham e, isso, aconteceu na minha vida. Se eu soubesse que naquele dia fosse a última oportunidade de falar ao meu irmão A. L. e, saber que o ía abraçar pela última vez, eu esqueceria todos os meus deveres da vida, a minha pressa, para o abraçar e dizer quanto o amava. Deus fala na última Ceia (Mt 26, 17- 30; 1Cor 11, 23-26): “Não tenham pressa, o momento é feito para celebrar”. A mística da última Ceia estava ali. Jesus reúne aqueles que para Ele tinham um valor especial, inclusive o traidor que também lá estava. Com isso eu aprendi, como a morte de meu irmão que eu não tinha o direito de esperar o amanhã para dizer que eu o amava, que o perdoava, para o abraçar e dizer o quanto ele era importante para mim. Como isso me deixem dizer, não espere que as pessoas morram para dizer que as ama de todo o coração. O definitivo pode bater na nossa porta na hora que menos esperamos. Viva com se fosse o último dia da sua história. Celebre a Ceia do amor e não tenhas pressa de terminar. 

Com esta real história, aprendi que devemos amar as pessoas como se fosse nossa última vez a falar, brincar, trocar idéias, amadurecer uma opinião, a tomar uma decisão. Quem muito espera para o amanhã pode chegar atrasado e sentir o arrepio da surpresa de ser tarde demais. Seja sempre ressurreição na vida de sua família, amigos e de pessoas que você estima. Viva o paraíso na ética, nos valores tão queridos e amados em nossa sociedade, vale dizer: amizade, perdão, amor e todos os valores que você está vivenciando ao ler este artigo. De outra pessoa recebi a seguinte mensagem: “Às vezes, quando amamos, pensamos que esgotamos todo o amor ali, naquele momento. Existem dois pensamentos de Chiara Lubich que nos colocam na dimensão deste amor além do amor: “O que fazer quando se amou além de todas as medidas? Continue a amar e, “o amor se dobra para não romper”. Nunca deixe o amor se romper em você. Ele é o bem mais preciso que podemos ter. Pense nisso.

Côn. Dr. Manuel Quitério de Azevedo
Prof.º do Seminário de Diamantina e da PUC-MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina - (ALAD).
Membro da Academia Marial – SP

Fonte: entreredes.org.br

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