quarta-feira, 8 de agosto de 2012

A simbologia do Fiel Pelicano



Segundo Paul Tillich, em seu livro Symbol und Wirklichkeit, os símbolos religiosos dispensam qualquer justificação, quando se compreendeu sua significação. Assim de maneira imediata a religião se manifestaria. O símbolo tem relação direta com o corpóreo-espiritual de cada humano, é uma forma de expressão do divino que manifesta algo além do simples sensível. Porém, faz-se necessário para esta compreensão o contexto de uma comunidade. O símbolo tem sentido quando em meio a pessoas que o compreendam. Símbolo, segundo a etimologia, é um objeto cortado formando duas partes, quando juntadas reconhece-se a quem pertence. O símbolo indica algo para além de si, esta inserido em nossa realidade e compreensão.

Por séculos o símbolo de Cristo perdura através da Tradição da Igreja, que é portadora de suas palavras e sinais. Assim vemos a Igreja como caminho que se chega a Deus. O símbolo é objeto carregado de sentido transcendente e por isso nos porta para algo maior.

Assim neste contexto, vemos que símbolos são expressão de nossa fé sempre sedenta de estar próxima de Deus. Segundo uma interpretação de um escritor do séc. IV, Physiologus, o pelicano é aquele que dilacera seu peito para aspergir com sangue seus filhotes mortos, na esperança de ressuscitá-los. Santo Agostinho e outros autores medievos consideram o pelicano símbolo do Cristo sofredor. No hino Adoro te devote encontramos: Pie pellicáne Jésu Domine, Me immundum munda túo sánguine, Cújus una stílla sálvum fácere Tótum múndum quit ab ómni scélere. Que diz a tradução: Senhor Jesus, terno pelicano, lava-me a mim, imundo, com o teu sangue, do qual uma só gota já pode salvar o mundo de todos os pecados. É este sangue que através do Fiel Pelicano ganha novo sentido. O pelicano nos aparece como símbolo eucarístico, aquele que se doa sem reserva para salvar seus filhos e alimentá-los.




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