CAPELA PAPAL PARA A CANONIZAÇÃO DOS BEATOS:
JACQUES BERTHIEU
PEDRO CALUNGSOD
GIOVANNI BATTISTA PIAMARTA
MARIA DEL MONTE CARMELO SALLÉS Y BARANGUERAS
MARIANNE COPE
KATERI TEKAKWITHA
ANNA SCHÄFFER
PEDRO CALUNGSOD
GIOVANNI BATTISTA PIAMARTA
MARIA DEL MONTE CARMELO SALLÉS Y BARANGUERAS
MARIANNE COPE
KATERI TEKAKWITHA
ANNA SCHÄFFER
HOMILIA DO PAPA BENTO XVI
Praça de São Pedro
O Filho do homem veio para servir e dar a sua vida como resgate para muitos (cf. Mc 10,45)
Venerados irmãos,
Queridos irmãos e irmãs!
Queridos irmãos e irmãs!
Dirijo a minha cordial saudação a todos
vós, que encheis a Praça de São Pedro, nomeadamente as Delegações
oficiais e os peregrinos vindos para festejar os novos sete Santos.
Saúdo com afeto os Cardeais e Bispos que nestes dias estão participando
da Assembléia sinodal sobre a Nova Evangelização. É providencial a
coincidência entre esta Assembléia e o Dia das Missões; e a Palavra de
Deus que acabamos de escutar se mostra iluminadora para ambas. Este nos
mostra o estilo do evangelizador, chamado a testemunhar e anunciar a
mensagem cristã conformando-se a Jesus Cristo, seguindo-o mesmo em
vida.
O Filho do homem veio para servir e dar a sua vida como resgate para muitos (cf. Mc 10,45)
Estas palavras constituíram o programa
de vida dos sete beatos que a Igreja hoje inscreve solenemente na
gloriosa fileira dos Santos. Com coragem heróica eles consumiram a sua
existência na consagração total a Deus e no serviço generoso aos irmãos.
São filhos e filhas da Igreja, que escolheram a vida do serviço
seguindo o Senhor. A santidade na Igreja teve sempre a sua fonte no
mistério da Redenção, que já prefigurava o profeta Isaías na primeira
Leitura: o Servo do Senhor, o justo que «fará justos inúmeros homens,
carregando sobre si suas culpas» (Is 53,11); este Servo é Jesus
Cristo, crucificado, ressuscitado e vivo na glória. A celebração
hodierna constitui uma confirmação eloquente dessa misteriosa realidade
salvífica. A tenaz profissão de fé destes sete discípulos generosos de
Cristo, a sua conformação ao Filho do Homem resplandece hoje em toda a
Igreja.
Jacques Berthie, nascido em 1838, na
França, foi desde muito cedo um enamorado de Jesus Cristo. Durante o seu
ministério paroquial, desejou ardentemente salvar as almas. Ao fazer-se
jesuíta, queria percorrer o mundo para a glória de Deus. Pastor
incansável na Ilha de Santa Maria e depois em Madagascar, lutou contra a
injustiça, levando alívio para os pobres e enfermos. Os malgaxes o
consideravam um sacerdote vindo do céu, e diziam: Tu és o nosso “pai e mãe”! Ele sefez tudo para todos,
haurindo na oração e no amor do Coração de Jesus a força humana e
sacerdotal para enfrentar o martírio, em 1896. Morreu dizendo: «Prefiro antes morrer que renunciar à minha fé».
Queridos amigos, que a vida deste evangelizador seja um encorajamento e
um modelo para os sacerdotes, para que sejam homens de Deus como ele o
foi! Que o seu exemplo ajude os numerosos cristãos que são perseguidos
por causa da sua fé nos dias de hoje! Que a sua intercessão, durante
este ano da fé, produza frutos em Madagascar e no Continente africano! Que Deus abençoe o povo malgaxe!
Pedro Calungsod nasceu aproximadamente no ano 1654, na região de
Visayas, nas Filipinas. Seu amor a Cristo o inspirou a preparar-se como
catequista com os missionários jesuítas da região. Em 1668, junto com
outros dois jovens catequistas, acompanhou o Padre Diego Luiz de San
Vitores para as Ilhas Marianas com o fim de evangelizar o povo Chamorro.
Nesse lugar, a vida era difícil e os missionários enfrentaram a
perseguição nascida da inveja e de calunias. Pedro, contudo, demonstrou
uma grande fé e caridade, e continuou catequizando os seus muitos
convertidos, dando testemunho de Cristo através de uma vida de pureza e
dedicação ao Evangelho. O seu desejo de ganhar almas para Cristo se
sobrepunha a tudo, e isso o levou a aceitar decididamente o martírio.
Morreu no dia 2 de abril de 1672. Algumas testemunhas contaram que Pedro
poderia ter fugido para um lugar seguro, mas escolheu permanecer ao
lado do Padre Diego. O sacerdote, antes de ser morto, pôde dar a
absolvição a Pedro. Que o exemplo e o testemunho corajoso de Pedro
Calungsod inspire o dileto povo das Filipinas a anunciar corajosamente o
Reino e ganhar almas para Deus!
Giovanni Battista Piamarta, sacerdote da Diocese de Brescia, foi um
grande apóstolo da caridade e da juventude. Percebia a necessidade de
uma presença cultural e social do catolicismo no mundo moderno, por isso
se dedicou ao progresso cristão, moral e profissional das novas
gerações, com a sua esplêndida humanidade e bondade. Animado por uma
confiança inabalável na Providência Divina e de um profundo espírito de
sacrifício, enfrentou dificuldades e fatigas para dar vida a diversas
obras apostólicas, entre as quais: o Instituto dos pequenos artesãos, a
Editora Queriniana, a Congregação masculina da Sagrada Família de Nazaré
e a Congregação das Humildes Servas do Senhor. O segredo da sua vida,
intensa e ativa, residia nas longas horas que ele dedicava à oração.
Quando estava sobrecarregado pelo trabalho, aumentava o tempo do
encontro, de coração a coração, com o Senhor. Demorava-se de muito bom
grado junto do Santíssimo Sacramento, meditando a paixão, morte e
ressurreição de Cristo, para alcançar a força espiritual e voltar a
lançar-se, sempre com novas iniciativas pastorais, à conquista do
coração das pessoas, sobretudo dos jovens, para levá-los de volta para
as fontes da vida.
«Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos!»
Com essas palavras, a liturgia nos convida a fazer nosso este hino a
Deus criador e providente, aceitando o seu plano nas nossas vidas. Assim
o fez Santa Maria del Carmelo Salles y Barangueras, religiosa nascida
em Vic, Espanha, em 1848. Vendo a sua esperança preenchida, após muitas
dificuldades, ao contemplar o progresso da Congregação das Religiosas
Concepcionistas Missionárias do Ensino, pôde cantar junto com a Mãe de
Deus: «Seu amor de geração em geração, chega a todos que o respeitam». A
sua obra educativa, confiada à Virgem Imaculada, continua a dar frutos
abundantes entre os jovens e através da entrega generosa das suas filhas
que, como ela, se confiam ao Deus que pode tudo.
Passo agora para Marianne Cope, nascida em 1838 em Heppenheim, na
Alemanha. Com apenas um ano de vida, foi levada para os Estados Unidos, e
em 1862 entrou na Ordem Terceira Regular de São Francisco, em Siracusa,
Nova Iorque. Mais tarde, como Superiora geral da sua congregação, Madre
Marianne abraçou voluntariamente a chamada para ir cuidar dos leprosos
no Havaí, depois da recusa de muitos. Ela partiu, junto com seis irmãs
da sua congregação, para administrar pessoalmente um hospital em Oahu,
fundando em seguida o Hospital Mamulani, em Maui, e abrindo uma casa
para meninas de pais leprosos. Cinco anos depois, aceitou o convite para
abrir uma casa para mulheres e meninas na Ilha de Molokai, partindo com
coragem e, encerrando assim seu contato com o mundo exterior. Ali,
cuidou do Padre Damião, então já famoso pelo seu trabalho heróico com os
leprosos, assistindo-o até a sua morte e assumindo o seu trabalho com
os leprosos. Em uma época em que pouco se podia fazer por aqueles que
sofriam dessa terrível doença, Marianne Cope demonstrou um imenso amor,
coragem e entusiasmo. Ela é um exemplo luminoso e valioso da melhor
tradição de religiosas católicas dedicadas à enfermagem e do espírito do
seu amado São Francisco de Assis.
Kateri Tekakwitha nasceu no que hoje é o
Estado de Nova Iorque, em 1656, filha de pai Mohawk e de mãe Algoquin
cristã, que lhe transmitiu a fé no Deus vivo. Foi batizada aos 20 anos
de idade, para escapar da perseguição, se refugiou na Missão São
Francisco Xavier, perto de Montreal. Ali ela trabalhou, fiel às
tradições culturais do seu povo, embora renunciando as convicções
religiosas deste, até a sua morte com 24 anos. Levando uma vida simples,
Kateri permaneceu fiel ao seu amor por Jesus, à oração e à Missa
diária. O seu maior desejo era saber e fazer aquilo que agradava a Deus.
Kateri impressiona-nos pela ação da
graça na sua vida, carente de apoios externos, e pela firmeza na sua
vocação tão particular na sua cultura. Nela, fé e cultura se
enriqueceram mutuamente! Possa o seu exemplo nos ajudar a viver lá onde
nos encontremos, sem renunciar àquilo que somos, amando a Jesus! Santa
Kateri, protetora do Canadá e primeira santa ameríndia, nós te confiamos
a renovação da fé entre os povos nativos e em toda a América do Norte! Que Deus abençoe ospovos nativos!
A jovem Anna Schäffer, de Mindelstetten,
quis entrar em uma congregação missionária. Nascida em uma família
humilde, ela conseguiu, trabalhando como doméstica, acumular o dote
necessário para poder entrar no convento. Neste emprego, sofreu um grave
acidente com queimaduras incuráveis nos seus pés, que a prenderam em um
leito pelo resto da vida. Foi assim que o seu quarto de enferma se
transformou em uma cela conventual, e o seu sofrimento, em serviço
missionário. Inicialmente se revoltou contra o seu destino, mas em
seguida, compreendeu que a sua situação era uma chamada amorosa do
Crucificado para O seguisse. Fortalecida pela comunhão diária, tornou-se
uma intercessora incansável através da oração e um espelho do amor de
Deus para as numerosas pessoas que procuravam conselho. Que o seu
apostolado de oração e de sofrimento, de oferta e de expiação seja para
os crentes de sua terra um exemplo luminoso e que a sua intercessão
fortaleça a atuação abençoada dos centros cristãos de curas paliativas
para doentes terminais.
Queridos irmãos e irmãs! Estes novos
Santos, diferentes pela sua origem, língua, nação e condição social,
estão unidos com todo o Povo de Deus no mistério de Salvação de Cristo, o
Redentor. Junto a eles, também nós aqui reunidos com os Padres
sinodais, provenientes de todas as partes do mundo, proclamamos, com as
palavras do salmo, que Senhor é «o nosso auxílio e proteção», e pedimos:
«sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós
esperamos» (Sal 32, 20-22). Que o testemunho dos novos Santos, a sua
vida oferecida generosamente por amor a Cristo, possa falar hoje a toda a
Igreja, e a sua intercessão possa reforçá-la e sustentá-la na sua
missão de anunciar o Evangelho no mundo inteiro.
Fonte: © Copyright 2012 – Libreria Editrice Vaticana
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